Se alguém acredita em símbolos, agora é a hora de vender o S&P 500. As ações da Cisco, líder entre as empresas de Internet na década de 1990, voltaram aos seus níveis recordes. Seu colapso tornou-se emblemático da bolha da internet. Desde então, as ações têm lutado para se recuperar, e somente em 2025 é que voltaram a encontrar seu momento. A avaliação fundamental das empresas de tecnologia atuais é tão alta quanto a de suas antecessoras. Será que a história se repetirá, fazendo com que o índice geral de ações mergulhe em outra onda de vendas?

Dinâmica do preço em relação aos lucros futuros do S&P 500

Relatórios de resultados decepcionantes da Broadcom e da Oracle continuam a pressionar o sentimento dos investidores e a provocar saídas das grandes empresas de tecnologia. Além disso, o Bank of America e o Morgan Stanley vêm recomendando uma rotação para setores como saúde, indústria e energia, sob a avaliação de que os gigantes de tecnologia podem deixar de ser os principais protagonistas do mercado.

Na prática, essa rotação de ativos dentro dos portfólios já está em curso. As ações do setor bancário registraram o terceiro ganho semanal consecutivo, a maior sequência positiva desde agosto. O índice bancário KBW fechou em alta em 13 das últimas 15 sessões de negociação, acumulando valorização de 29% no ano, contra um avanço de 15% do S&P 500 no mesmo período.

Dinâmica do S&P 500 e do Índice Bancário

Os investidores acompanham com atenção os gastos colossais das empresas de tecnologia e não deixam de traçar paralelos com a crise das "dot-com". No fim da década de 1990, volumes maciços de capital — mais de US$ 100 bilhões à época — foram direcionados à construção de redes de telecomunicações. O resultado foi um excesso de fibra óptica, grande parte da qual jamais chegou a ser utilizada. Hoje, muitos veem uma situação semelhante se desenhar com os centros de dados: o capital flui livremente, mas a eficiência desses investimentos ainda levanta dúvidas.

Ainda assim, os entusiastas da inteligência artificial têm argumentos consistentes. As grandes empresas de tecnologia dispõem de caixa suficiente para sustentar esses investimentos e demonstram disposição para fazê-lo. Além disso, os avanços no desenvolvimento de novos produtos seguem alimentando o otimismo do mercado. O Goldman Sachs projeta um crescimento de 12% nos lucros corporativos das empresas do S&P 500 em 2026 e de 10% em 2027, estimando que a IA contribuirá com 0,4 ponto percentual e 1,5 ponto percentual, respectivamente. A redução das preocupações em torno das tarifas também tende a atuar como fator adicional de suporte aos resultados corporativos.

Assim, embora a bolha tecnológica ainda não tenha estourado, ela vem se desinflando de forma gradual. A rotação de ativos nos portfólios de investimento segue em curso no mercado acionário dos EUA, com o setor bancário apresentando o melhor desempenho. Os antigos líderes — incluindo as ações do grupo conhecido como Magnificent Seven — estão sendo vendidos de forma ativa, o que tem pressionado o índice acionário amplo.

Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do S&P 500 mostra o índice rompendo abaixo do valor justo em 6.850 e testando o suporte dinâmico superior representado pela média móvel de 5 dias. Estratégias de compra podem ser consideradas em eventuais repiques a partir dos níveis de pivô em 6.770 e 6.750, bem como no caso de um retorno sustentado do índice acima das regiões de 6.850 e 6.900.